A casa de Ana Sara (2)
"O caso de Ana Sara Brito é mais complicado. Porque Ana Sara Brito é neste momento vereadora, e porque era vereadora aquando da recepção da casa que o presidente Kruz Abecasis lhe arrendou em nome da autarquia, há 21 anos. Ana Sara Brito tinha obrigação de se interessar pelos critérios, pela igualdade e pela justiça. Porque tinha um cargo camarário e porque esse cargo era o da acção social. Sobre os critérios, porém, diz-nos hoje que "eram os da época". E da renda diz que era "legal". E que está "de consciência tranquila". Diz nada, portanto. Este triste assunto não deve transformar-se num auto da fé de B. B. e de Ana Sara Brito. Por todas as razões, sobretudo a de que o assunto é muito maior que eles. O que está em causa, e não será de mais repeti-lo, é o que de pior existe em qualquer administração pública - a opacidade, o favorecimento discricionário, a assunção dos bens públicos como propriedade de "quem está" e o seu tráfico entre escolhidos. Se em vez da "atribuição" de casas estivéssemos a falar da de envelopes de papel pardo com notas lá dentro, estaria já tudo aos gritos, a começar por Sá Fernandes e Helena Roseta, esses indomáveis campeões antinegociatas. Mas, como na lenda da Rainha Santa, o dinheiro está transformado em casas. Pode-se fazer de conta que não se passou nada."
2 comentários:
Sendo este blog de autarcas expliquem-me por favor uma coisa. Porque é que todo este patrimonio não é colocado a venda no mercado e a receita abatida no passivo da CML ?
Tem toda a razão Gonçalo Amado no que sugere, aliás se fizer as contas de valor médio de € 100.000 por casa, multiplicando por 3000, veja a soma que obtém. Claro isto já sem falar da receita que passa a obter das contribuições que obtém dos novos proprietários e do que poupa como senhorio. Será caso para perguntar qual a necessidade do empréstimo ao Tribunal de Contas.
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