Constatei alguns comentários no sentido deste título, ou seja que a acusação proferida a Carmona Rodrigues vinha confirmar a validade da doutrina introduzida por Marques Mendes, ou seja que o arguido não tem condições para assegurar a representação política, tendo estado correcto quando lhe retirou tal confiança e precipitou a queda da Câmara Municipal de Lisboa. Trata-se pois da demonstração da validade do citado princípio, precisamente aquele que já aqui critiquei e que o designei como "Presunção de culpa política do presumível inocente jurídico".
Ora acho que este episódio vem confirmar de facto a postura de actuação da equipe de Marques Mendes e de Paula Teixeira da Cruz, mas noutro sentido, ou seja confirmar que as suas opções foram precipitadas e pouco rigorosas, senão vejamos:
1º - A presente acusação a Carmona Rodrigues prende-se com actos praticados no mandato de 2001/2005, ou seja quando assumia a presidência da CML em substituição de Santana Lopes;
2º - A polémica sobre a hasta pública já era comentada e aliás já tinham sido enviados elementos para a Procuradoria, como foi a decisão da então reunião de leaders da Assembleia Municipal, na qual o PSD estava representado por mim próprio;
3º - A opção por Carmona Rodrigues para as eleições de 2005 foi posterior a tais actos, sobre os quais recaiam estes elementos, precisamente sobre ele e Fontão de Carvalho;
4º - Em 2005 a então CPN do PSD, presumo que ciente de tais elementos, ou então com manifesta ligeireza se não os conhecia, optou por uma hierarquia de lista à CML composta por Carmona Rodrigues, logo seguido de Fontão de Carvalho.
De facto se conhecia os elementos e não os equacionou voltou a revelar dois pesos e duas medidas para situações complexas no exercício de mandato autárquico. Se não as conhecia, revela obviamente a falta de diálogo que sempre manifestaram, designadamente com a leaderança cessante da Assembleia Municipal, quanto não fosse para conhecer as principais questões, bem como aceitar sugestões de avaliação dos respectivos deputados.
Assim não colhe misturar estes elementos com a retirada de confiança em 2007 e, consequentemente não o ter apoiado nessas eleições intercalares. Revela sim a falta de densidade das opções tomadas e a contradição com o que ao tempo se apregoava.