30 abril 2008

FIM DO "CRÓNICAS ALFACINHAS"

Vi hoje escrito, num blog de referência "LisboaLisboa", que o "Crónicas Alfacinhas" estaria perto do fim pois, no dizer do autor, os três editores do Crónicas optariam, cada um, por uma candidatura diferente à liderança do PSD e, assim, este blog chegaria ao fim.
Todos sabemos que a linha do "LisboaLisboa" é a do PCP e nessa força política não abunda a diversidade interna ou a alternativa de posições, por esse facto eu entendo a posição do José Carlos Mendes que, repito, edita um blog de referência na política lisboeta, embora, recentemente, esteja a exagerar na propaganda ortodoxa do PCP.
Quanto a nós, do "Crónicas Alfacinhas", até é possível ou não que haja posicionamentos diversos na contenda interna do PSD, bem como assunções de apoios públicos ou não, uma vez que nos caracteriza um espírito de tolerância e espaço de liberdade. Tempos houve, o do consulado de Marques Mendes, que naturalmente estávamos coesos a pugnar pela liberdade interna e contra a interferência arbitrária na gestão da capital, vindo aliás a esbanjar tal conquista eleitoral. Ora agora os tempos são outros, há distenção nas candidaturas, mas obviamente que representam sentidos e tradições diferentes de viver o Partido, pelo que a seu tempo falaremos.
A missão do "Crónicas Alfacinhas" continua válida, não só porque vale sempre a pena falar de Lisboa, como ainda porque queremos contribuir, responsável e sustentadamente, que o PSD volte a dirigir os destinos da capital. Até já...

17 abril 2008

REVITALIZAÇÃO DA BAIXA-CHIADO

A partir de terça-feira, dia 22 de Abril, a Assembleia Municipal de Lisboa começa a discussão da nova proposta sobre a revitalização da Baixa-Chiado. O tema é sem dúvida interessante, várias vezes o abordámos aqui, até pelo célebre episódio da ingerência/veto Marques Mendes a Carmona e o fim da coligação no Executivo. Mas claro que o assunto é mais vasto, a cidade merece mais, por esse facto transcreve-se o artigo que publiquei este mês no Diário Económico:
" Qualquer lisboeta, aqui viva ou trabalhe, ou seja autarca na capital, pretenderá sempre debater a reabilitação/revitalização da Baixa Chiado. Acresce, no meu caso, o conhecido episódio sobre a minha indicação para a administração da SRU da Baixa Pombalina, onde se verificou o condicionamento a Carmona, imposto por Marques Mendes, responsável pelo fim da coligação PSD/PP do então executivo. Claro que essas questões pertencem ao passado, apenas elucidam o meu empenho neste debate, tanto mais porque presido à Comissão da Assembleia Municipal de Reabilitação Urbana, órgão autárquico onde esta proposta da CML tem que ser debatida.
O executivo de António Costa, a pouco mais de um ano de eleições, entendeu que “há vida para além do orçamento”, precisamente quando a opção de saneamento financeiro esbarra no diálogo com o Tribunal de Contas, pelo que vai lançando mão de iniciativas avulsas para tentar demonstrar uma vitalidade que não possui. Aliás veja-se o exemplo da Praça do Comércio, que já constava de uma moção que subscrevi, aprovada por unanimidade pela Assembleia Municipal (2005.12.20,acta págs.11,46,57).
Assim o projecto de reabilitação para a Baixa Chiado aparece como uma aposta decisiva para a salvação deste mandato, em que importa recordar a existência de um quadro programático herdado do executivo Carmona, orientado por M. José Nogueira Pinto, em cuja equipe estava o vereador Manuel Salgado. A sequência da iniciativa é positiva, ao contrário do habitual não se deita fora o que herda, mas tal obriga a reconhecer-se esse legado, ainda, como é normal, existam divergências nas opções finais.
Desta expectativa para a Baixa Chiado, a CML aprovou, a 19 de Março, quatro iniciativas:
-Museu do Banco de Portugal na actual garagem do mesmo, sito na Igreja de S. Julião;
-Museu do Design na antiga sede do BNU;
-Construção de elevador para o Castelo de São Jorge;
-Jardim e espaços verdes no terraço dos anexos do Quartel do Carmo da GNR.
Estas são positivas, permitem alguma requalificação da zona, mas estão muito longe de indicar uma estratégia articulada de reabilitação e de verdadeira revitalização. Com efeito duas delas situam-se na mesma área, no campo museológico (cultura), que sendo uma mais valia, não imprimem uma ocupação diária e total da zona, limitando-se a “remediar” uma ligeira mais valia. Quanto ao acesso ao castelo de S. Jorge, trata-se de uma necessidade, já discutida ao longo de vários mandatos, sendo célebre o elevador de João Soares, que contribuiu para a sua derrota, mas é naturalmente uma medida instrumental e acessória do fim a servir (castelo de S. Jorge) que caso não sofra qualquer intervenção a medida limita-se a ser acessória. Por fim, a questão dos jardins nos anexos ao quartel do Carmo constituem o único exemplo de alguma reabilitação, potenciadora de um melhor aproveitamento do espaço público, mas também revelador de uma solução cómoda e pouco original.
Fica assim por responder como efectivar uma verdadeira reabilitação no coração da cidade, ou seja para quando e como assegurar:
-Um efectivo centro comercial ao ar livre, com horários comerciais diferenciados, por forma a assegurar uma ocupação diária total;
-Uma política de habitação público-privada para a zona, pois só com residentes diferenciados é possível uma humanização e habitantes efectivos na zona;
-Uma clarificação da intensidade e gestão da circulação rodoviária na Baixa Chiado.
Em suma, identificar um desígnio central para a Baixa Chiado, porventura o centro turístico da capital e da região, que implica uma aposta em equipamentos culturais, designadamente usufruto permanente dos testemunhos das diversas civilizações que habitaram Lisboa (ex. museu de termas romanas à Rua da Conceição); criação de hotéis de charme (Terreiro do Paço); incentivo à restauração e similares; animação permanente do espaço público.
Pedro Portugal Gaspar
(Deputado Municipal, Presidente da Comissão de Reabilitação Urbana)"

04 abril 2008

Execrável !



Esta foi uma das palavras que me veio à cabeça. Mas houve outras: nojento, revoltante, palhaçada, lamentável, etc. E ainda houve mais, mas que por uma questão de educação não as escrevo.


Estou a falar de uma reportagem que o canal Al Jazeera passou recentemente a propósito de Lisboa. Já me tinham falado nela, mas só recentemente tive a oportunidade de a ver através do Youtube.

Trata-se de uma peça que descreve Lisboa como uma cidade totalmente corrompida e abandonada à sua sorte, com o seu património edificado a cair aos bocados enquanto alguns andam a fazer negociatas em benefício próprio. E no meio disto quem aparece como o salvador da pátria? O grande justiceiro dos tempos modernos? O sr vereador Sá Fernandes, claro está!


O homem que, segundo a peça, é um verdadeiro herói anti-corrupção, uma espécie de Robin dos Bosques alfacinha. Aliás toda a peça é uma vergonhosa auto-promoção do senhor e do seu irmão. Aparecem como sendo os únicos cidadãos de bem, contra tudo e todos.


É absolutamente lamentável que um eleito local arrase desta forma a imagem da sua cidade. É execrável que o faça numa descarada campanha de auto-promoção. O dever do vereador Sá Fernandes, é o de proteger a cidade, de a enaltecer nos meios internacionais, com vista a promover o turismo, o seu património, as características que fazem dela uma cidade ímpar no conjunto das capitais europeias. Enfim, proteger o seu bom nome nos meios internacionais, que nada devem ter a haver com as tricas políticas domésticas.


Mas não, o vereador Sá Fernandes fez tudo ao contrário. Procurou mostrar uma imagem decadente de Lisboa em que ele, supostamente, é o único a tentar combatê-la. A sua vaidade pessoal ultrapassou, neste caso, todos os limites.


Para ter uns minutitos de fama num canal de televisão, o sr vereador causou um dano gigantesco na imagem internacional de Lisboa.


Bem sabemos que ele, agora que integra o Governo da cidade, não pode andar aí a aparecer todos os dias, como o fazia antigamente, e a pôr tudo em tribunal. Mas devia-se ter lembrado disso antes de aceitar o convite...


Este comportamento do vereador Sá Fernandes é no minimo merecedor de uma moção de censura na Assembleia Municipal! Censura por danos morais causados à cidade que ele tem a obrigação de proteger... À cidade que ao fim e ao cabo é de todos nós...