REVITALIZAÇÃO DA BAIXA-CHIADO
A partir de terça-feira, dia 22 de Abril, a Assembleia Municipal de Lisboa começa a discussão da nova proposta sobre a revitalização da Baixa-Chiado. O tema é sem dúvida interessante, várias vezes o abordámos aqui, até pelo célebre episódio da ingerência/veto Marques Mendes a Carmona e o fim da coligação no Executivo. Mas claro que o assunto é mais vasto, a cidade merece mais, por esse facto transcreve-se o artigo que publiquei este mês no Diário Económico:
" Qualquer lisboeta, aqui viva ou trabalhe, ou seja autarca na capital, pretenderá sempre debater a reabilitação/revitalização da Baixa Chiado. Acresce, no meu caso, o conhecido episódio sobre a minha indicação para a administração da SRU da Baixa Pombalina, onde se verificou o condicionamento a Carmona, imposto por Marques Mendes, responsável pelo fim da coligação PSD/PP do então executivo. Claro que essas questões pertencem ao passado, apenas elucidam o meu empenho neste debate, tanto mais porque presido à Comissão da Assembleia Municipal de Reabilitação Urbana, órgão autárquico onde esta proposta da CML tem que ser debatida.
O executivo de António Costa, a pouco mais de um ano de eleições, entendeu que “há vida para além do orçamento”, precisamente quando a opção de saneamento financeiro esbarra no diálogo com o Tribunal de Contas, pelo que vai lançando mão de iniciativas avulsas para tentar demonstrar uma vitalidade que não possui. Aliás veja-se o exemplo da Praça do Comércio, que já constava de uma moção que subscrevi, aprovada por unanimidade pela Assembleia Municipal (2005.12.20,acta págs.11,46,57).
Assim o projecto de reabilitação para a Baixa Chiado aparece como uma aposta decisiva para a salvação deste mandato, em que importa recordar a existência de um quadro programático herdado do executivo Carmona, orientado por M. José Nogueira Pinto, em cuja equipe estava o vereador Manuel Salgado. A sequência da iniciativa é positiva, ao contrário do habitual não se deita fora o que herda, mas tal obriga a reconhecer-se esse legado, ainda, como é normal, existam divergências nas opções finais.
Desta expectativa para a Baixa Chiado, a CML aprovou, a 19 de Março, quatro iniciativas:
-Museu do Banco de Portugal na actual garagem do mesmo, sito na Igreja de S. Julião;
-Museu do Design na antiga sede do BNU;
-Construção de elevador para o Castelo de São Jorge;
-Jardim e espaços verdes no terraço dos anexos do Quartel do Carmo da GNR.
Estas são positivas, permitem alguma requalificação da zona, mas estão muito longe de indicar uma estratégia articulada de reabilitação e de verdadeira revitalização. Com efeito duas delas situam-se na mesma área, no campo museológico (cultura), que sendo uma mais valia, não imprimem uma ocupação diária e total da zona, limitando-se a “remediar” uma ligeira mais valia. Quanto ao acesso ao castelo de S. Jorge, trata-se de uma necessidade, já discutida ao longo de vários mandatos, sendo célebre o elevador de João Soares, que contribuiu para a sua derrota, mas é naturalmente uma medida instrumental e acessória do fim a servir (castelo de S. Jorge) que caso não sofra qualquer intervenção a medida limita-se a ser acessória. Por fim, a questão dos jardins nos anexos ao quartel do Carmo constituem o único exemplo de alguma reabilitação, potenciadora de um melhor aproveitamento do espaço público, mas também revelador de uma solução cómoda e pouco original.
Fica assim por responder como efectivar uma verdadeira reabilitação no coração da cidade, ou seja para quando e como assegurar:
-Um efectivo centro comercial ao ar livre, com horários comerciais diferenciados, por forma a assegurar uma ocupação diária total;
-Uma política de habitação público-privada para a zona, pois só com residentes diferenciados é possível uma humanização e habitantes efectivos na zona;
-Uma clarificação da intensidade e gestão da circulação rodoviária na Baixa Chiado.
Em suma, identificar um desígnio central para a Baixa Chiado, porventura o centro turístico da capital e da região, que implica uma aposta em equipamentos culturais, designadamente usufruto permanente dos testemunhos das diversas civilizações que habitaram Lisboa (ex. museu de termas romanas à Rua da Conceição); criação de hotéis de charme (Terreiro do Paço); incentivo à restauração e similares; animação permanente do espaço público.
Pedro Portugal Gaspar
(Deputado Municipal, Presidente da Comissão de Reabilitação Urbana)"
O executivo de António Costa, a pouco mais de um ano de eleições, entendeu que “há vida para além do orçamento”, precisamente quando a opção de saneamento financeiro esbarra no diálogo com o Tribunal de Contas, pelo que vai lançando mão de iniciativas avulsas para tentar demonstrar uma vitalidade que não possui. Aliás veja-se o exemplo da Praça do Comércio, que já constava de uma moção que subscrevi, aprovada por unanimidade pela Assembleia Municipal (2005.12.20,acta págs.11,46,57).
Assim o projecto de reabilitação para a Baixa Chiado aparece como uma aposta decisiva para a salvação deste mandato, em que importa recordar a existência de um quadro programático herdado do executivo Carmona, orientado por M. José Nogueira Pinto, em cuja equipe estava o vereador Manuel Salgado. A sequência da iniciativa é positiva, ao contrário do habitual não se deita fora o que herda, mas tal obriga a reconhecer-se esse legado, ainda, como é normal, existam divergências nas opções finais.
Desta expectativa para a Baixa Chiado, a CML aprovou, a 19 de Março, quatro iniciativas:
-Museu do Banco de Portugal na actual garagem do mesmo, sito na Igreja de S. Julião;
-Museu do Design na antiga sede do BNU;
-Construção de elevador para o Castelo de São Jorge;
-Jardim e espaços verdes no terraço dos anexos do Quartel do Carmo da GNR.
Estas são positivas, permitem alguma requalificação da zona, mas estão muito longe de indicar uma estratégia articulada de reabilitação e de verdadeira revitalização. Com efeito duas delas situam-se na mesma área, no campo museológico (cultura), que sendo uma mais valia, não imprimem uma ocupação diária e total da zona, limitando-se a “remediar” uma ligeira mais valia. Quanto ao acesso ao castelo de S. Jorge, trata-se de uma necessidade, já discutida ao longo de vários mandatos, sendo célebre o elevador de João Soares, que contribuiu para a sua derrota, mas é naturalmente uma medida instrumental e acessória do fim a servir (castelo de S. Jorge) que caso não sofra qualquer intervenção a medida limita-se a ser acessória. Por fim, a questão dos jardins nos anexos ao quartel do Carmo constituem o único exemplo de alguma reabilitação, potenciadora de um melhor aproveitamento do espaço público, mas também revelador de uma solução cómoda e pouco original.
Fica assim por responder como efectivar uma verdadeira reabilitação no coração da cidade, ou seja para quando e como assegurar:
-Um efectivo centro comercial ao ar livre, com horários comerciais diferenciados, por forma a assegurar uma ocupação diária total;
-Uma política de habitação público-privada para a zona, pois só com residentes diferenciados é possível uma humanização e habitantes efectivos na zona;
-Uma clarificação da intensidade e gestão da circulação rodoviária na Baixa Chiado.
Em suma, identificar um desígnio central para a Baixa Chiado, porventura o centro turístico da capital e da região, que implica uma aposta em equipamentos culturais, designadamente usufruto permanente dos testemunhos das diversas civilizações que habitaram Lisboa (ex. museu de termas romanas à Rua da Conceição); criação de hotéis de charme (Terreiro do Paço); incentivo à restauração e similares; animação permanente do espaço público.
Pedro Portugal Gaspar
(Deputado Municipal, Presidente da Comissão de Reabilitação Urbana)"
2 comentários:
Pois Pedro e com os vereadores e «vozes off», que se ouvem de 'algum PSD' Lisboa, ninguém vai saber que a ideia era do PSD -pelo menos do PSD que se preocupa com Lisboa e não do tal PSD, o 'só para alguns' que por aí bale...
Como a ideia do reaproveitamento para comércio e lazer da coligação PSD/CDS encabeçada por Abecassis. Foi considerada uma loucura pela esquerda 'inteligente' e pelos comentadores de serviço. 30 anos depois foi a 'descoberta' de João Soares e apelidado de luminosa -pelos mesmos.
Esta gente só faz o país perder tempo há 200 anos. Em 1840 ainda éramos a 4ª potência mundial em desenvolvimento e riqueza: depois do terramoto, das invasões; e da guerra civil! Em 1900 estávamos a meio da tabela na Europa -bem à frente da Escandinávia. Hoje...estamos a andar para trás. É a república socialista e laica -habituem-se...
Quanto ao elevador é uma aberração de mau gosto -por favor votem contra!
A musealização da Baixa só contribuirá para a desumanização do local e para sermos nós -via CML- a pagar chorudos preços aos actuais detentores do imóveis! Se eles foram consignados à habitação, terão o seu valor de mercado.
Ou bem que somos pelo mercado, ou bem que somos pelo estado. Não podemos ter é empresas privadas a sugar o estado -NÓS- como é facto nos últimos 200 anos.
Já agora que tal falar e discutir o futuro desmoronamento da Baixa devido ao apodrecimento dos troncos de pinheiro? Não é preciso ser eng. (dos que têm diploma), nem mestre canteiro, em francês maçon, para saber que depois da construção dos parques subterrâneos no final de Valverde (Av. da Liberdade) e de Arroios; e do túnel do Terreiro do Paço, toda a zona do esteio que ia até ao Martim Moniz está em risco. Os toros que estavam conservados pela água dos riachos e das marés salgadas, hoje encontram-se secos, e apodrecidos e os prédios de 6 pisos não têm alicerces!
QUE TAL DIZER QUE OS MAÇONS SOCIALISTAS DESTRUIRAM A OBRA DO SEU DEUS NA TERRA, O MARQUÊS? Obra que, ao que consta, é um 'livro' maçónico.
«Nada do que se encontra escondido, deixará de ser revelado» –tem 2000 anos. Conhecia?
Companheiro
Dr. Pedro Portugal, em relação ao tema em discussão, tendo receio que seja a penas mais uma manobra eleitoral, já normal neste executivo, deixo o meu ponto de vista:
“..Desta expectativa para a Baixa Chiado, a CML aprovou, a 19 de Março, quatro iniciativas:
-Museu do Banco de Portugal na actual garagem do mesmo, sito na Igreja de S. Julião;
-Museu do Design na antiga sede do BNU;
-Construção de elevador para o Castelo de São Jorge;
-Jardim e espaços verdes no terraço dos anexos do Quartel do Carmo da GNR….”
-O Museu do banco Portugal acho uma ideia engraçada, mas se com isso a dependência como sede se mantenha, para que a Baixa não perca alguns milhares de trabalhadores.
- Museu do Design num local tão central ? na Rua Augusta ? Não seria mais propicio um Museu da Cidade ? e porque não dividir, uma vez que o edifício ocupa um quarteirão , usando metade Museu da Cidade e metade silo Auto ? Não seria isso que o turística quereria e ver um pouco da historia da Cidade e os visitantes e moradores teriam mais estacionamento automóvel.
- Esta do elevador, nem sei que pensar, só quem nunca foi ao Castelo, teria uma ideia dessas.
A visita ao Castelo, grande parte da sua beleza passa por visitar os locais que o rodeiam, sair da Baixa visitando a Igreja da Madalena, de Santo António a Sé, dar uma vista de olhos pelo interior da Alfama, passear no mirador de Santa Luzia… e ouço dizer que querem trocar por uns elevador directamente da Rua dos fanqueiros ao Castelo !!!
Companheiro, Dr Pedro Portugal,
a minha maior preocupação, vai ser quando retirarem as pessoas que hoje dão vida à baixa, O Millenium e Banco Portugal já falam em retirar as sedes da Baixa, 2 ministérios também, se a ideia de encher a Praça de Comercio de hotéis chegar a ir avante, estima-se um numero de 25.000 a 30.000 que deixaram de trabalhar na zona,
Que acontecerá ao comercio?
À restauração?
Vai sobreviver com os 500 residentes e com alguns turistas?
Por isso companheiro intercedo junto de si.
Proteja os moradores e comerciantes da Baixa
Não deixe que todos os ministérios de Sedes de grandes empresas saiam da Baixa.
Faça com que se crie mais estacionamento, com silos-auto
Um Abraço
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