14 janeiro 2007

A Filosofia e os filósofos

Derrida interveio publicamente pelo "direito à filosofia" .Essa disciplina "impossível e necessária, inútil e indispensável".Esse "ensino nao ensinável". Filosofemos então...
Na década de 80 a comunidade filosófica francesa lançou um apelo : " Nâo há universidade sem filosofia". E a ele se seguiu um outro : " Não há escola sem filosofia". Radicam estes apelos na ideia da filosofia como disciplina da razão, como modelo de racionalidade.Filosofia como aquilo que ensina a pensar e que ,em ultima isntância, transforma o ensino em educação. E é neste sentido que Kant define a figura do filósofo como "mestre da razão pura". Socorri-me ,até agora ,de um magnífico texto de António Guerreiro publicado no "Expresso", de onde retenho, também, a importância da filosofia como modo de pensar, de argumentar, de fornecer instrumentos de crítica e de inteligibilidade do mundo. Ou seja, a filosofia como um "direito" de cidadania. Ou,ainda, da capacidade de resistência da filosofia à homogeneização do quotidiano e aos seus efeitos anestésicos e de anulaçao da "capacidade de espanto". Sobre tudo isto se debruçaram ,em Lisboa, entre outros , Maria Filomena Molder, José Gil, Joao Lobo Antunes, Carlos Fiolhais,Nuno Crato, Rosa Maria Perez e Fernanda Palma. Debateram "a matéria espiritual que o cidadão necessita".
E, por isso, podemos também lançar nestas "cronicasalfacinhas" o apelo : "Não há Lisboa sem filosofia" . E, tudo isto, num ano em que se comemoram os cem anos de Hannah Arendt e se torna de leitura obrigatória - e actual- o seu livro, publicado em 1951 , "As origens do totalitarismo".
O apelo está feito. Um apelo feito aos cidadãos e, por maioria de razão, aos filósofos e pensadores da nossa cidade.A cidade parece nao gostar de filósofos,ou de alguns em particular.Mas,não há Lisboa sem filosofia. Que filosofem os filosofos,entao... A cidade agradece.
Nao sei se escrevi este "post" por Manuel Maria Carrilho ter renunciado ao cargo de Vereador.Afinal, só falei de filosofia...Havia algo mais pra falar? Isso, ja é outra filosofia... E essa nao tem nada de filosófico. E há Lisboa sem essa filosofia...

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