08 fevereiro 2007

Medalhas Alfacinhas (1)

Ao regressar do estrangeiro no passado fim de semana, fiquei a saber que, durante esta minha ausência, terá havido uma reunião de Câmara em que se atribuíram algumas medalhas de honra da Cidade de Lisboa.
Há uma em concreto que não posso deixar de comentar aqui: a atribuição da medalha a Jorge Sampaio.

Independentemente dos méritos ou deméritos da acção de Jorge Sampaio à frente da CML e sobre os quais me dispenso de escrever agora, há, nesta condecoração, uma questão política, e é essa que motiva este texto.

Jorge Sampaio foi, para todos os efeitos, um Presidente da República que objectivamente prejudicou o País, o Governo, o PSD e o seu líder de então: Pedro Santana Lopes.

Todos nos lembramos daquele inenarrável período de reflexão a que o PR se remeteu antes de decidir dar posse a Pedro Santana Lopes como 1º ministro, naquilo que foi uma telenovela ridícula que mais não fez do que alimentar a instabilidade política no país e fragilizar o Governo que viria a tomar posse.

Todos ficámos a saber, pelo próprio, que Jorge Sampaio andou a fazer telefonemas e a sondar outros destacados militantes do PSD, numa tentativa de arranjar uma alternativa ao nome de Santana Lopes. Um Presidente, supostamente de todos os portugueses, a meter-se em assuntos internos de um partido que nem sequer é o seu.

Todos assistimos ao condicionamento de um Governo, feito por um Presidente, como não há memória em Portugal. Ninguém consegue governar com uma ameaça de dissolução permanente, e com o Palácio de Belém a ser palco e caixa de ressonância de tudo e todos os que se opõem ao Governo.

Todos testemunhámos o desrespeito do Presidente por um Parlamento democraticamente eleito e por uma maioria absoluta disposta a governar e concluir o mandato que o Povo lhe tinha dado.

Todos ouvimos o Presidente anunciar que dissolvia a Assembleia da República, com base em episódios sem que, até hoje, tivesse concretizado ou enumerado os ditos.

Todos sabemos que não se julga a acção de um Governo em apenas 4 meses.

Todos percebemos que tudo isto foi feito nos timings do PS, dando-lhe assim tempo de se reorganizar sob a liderança de José Sócrates e preparar-se para eleições.

Pois bem, foi este ex-Presidente da República que o actual Presidente da Câmara de Lisboa se lembrou agora de homenagear, atribuindo-lhe a medalha de honra da Cidade.

Esta atitude só pode merecer a minha condenação.

Se a atribuição desta medalha fosse votada em Assembleia Municipal teria inquestionavelmente o meu voto contra.

Porque em política é preciso ter memória.

Porque em política nem todos somos ingratos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Como já comentei -e pelos vistos acertei nos motivos, não irei repetir.

Todo o percurso do Dr. Jorge Sampaio foi uma vergonha e todos os que o ajudaram são uma vergonha. EU TAMBÉM NÃO ESQUECI, E SEI QUEM FOI.

Anónimo disse...

EU TAMBÉM NÃO ESQUECI A VERGONHA, O OPORTUNISMO....