As palavras de Carmona Rodrigues...
Para que não restem dúvidas nas mentes de alguns responsáveis sociais-democratas, e para evitar mais entrevistas contraditórias, deixo em anexo um excerto da entrevista do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa ao Jornal de Notícias e à Antena 1, dada no passado dia 25 de Novembro.
JN/Antena 1O PSD é o maior partido de oposição ao Governo. O senhor dirige a Câmara mais importante do país, em nome do PSD, onde havia maioria absoluta, fruto de coligação com o CDS. Acabou a coligação, porque a vereadora Maria José Nogueira Pinto votou contra uma proposta sua para um dirigente de uma sociedade de reabilitação urbana (SRU). Foi por isso?
Carmona Rodrigues Quando se parte para um entendimento, definem-se regras. Uma das condições é o espírito de equipa. Admito - e isso ficou salvaguardado - que possa, por razões de consciência, não se votar a favor de determinada proposta. Votar contra, não. O que estava em causa era uma proposta do presidente da Câmara, que teve um voto contra de uma pessoa da coligação. Isso é inaceitável. É um incumprimento do que havia sido estabelecido.
Creio que, pelo acordo que existia, não era obrigatório votar favoravelmente todas as propostas do partido maioritário. O acordo era para questões estruturantes. Esta votação era absolutamente estruturante para a cidade?
Não era obrigatório que se votasse tudo favoravelmente. Mas era suposto que não se votasse contra.
Merece o rompimento de uma coligação na Câmara mais importante do país?
Sou uma pessoa extremamente escrupulosa nos princípios. Não abdico do que é de palavra. Discuto projectos, princípios não.
Falou com Marques Mendes?
Com certeza.
Ele aconselhou-o a romper a coligação?
Sobre tudo o que diz respeito à coligação, obviamente que falei sempre com quem me convidou.
Marques Mendes.
Sim. Matérias desta importância não iria nunca fazer sem dar uma palavra a Marques Mendes, que manifestou compreensão pela minha posição e concordou.
Ele não o tentou demover do rompimento da coligação?
Não. Obviamente, ficou muito preocupado, mas compreendeu perfeitamente. Achava que era o passo que devia ser dado.
Há um mês disse ao Correio da Manhã que a coligação tem funcionado bem. O que é que num mês deixou de funcionar?
Funcionou bem, porque até agora não tinha havido incumprimento da premissas do acordo. Isto não tem nada de pessoal com a doutora Maria José Nogueira Pinto. Admiro-a bastante.
Ela perguntou-lhe imensas vezes por que rompera a coligação e o senhor na Assembleia Municipal entrou mudo e saiu calado.
A Assembleia Municipal é a Assembleia Municipal. Assuntos da Câmara tratam-se na Câmara.
E já lhe explicou porque rompeu?
Dei-lhe uma palavra antes de fazer a declaração, a dizer que aquilo que se tinha passado constituía motivo de quebra de confiança...
Maria José Nogueira Pinto diz que não foi avisada da alteração do nome acordado para presidir à SRU, que era o de Pedro Portugal Gaspar. E diz que quando a proposta foi a votação apareceu outro nome, Nunes Barata. É confrontada com uma proposta que não conhecia e com a qual discordava. Diz que a avisou. Como?
Está para aí uma grande confusão. Não houve alteração nenhuma de nome. A proposta tinha três nomes do presidente e de dois vogais. Margarida Pereira e Pedro Portugal Gaspar como vogais e Nunes Barata para presidente. Nestes três nomes, não houve nenhuma alteração.
Maria José Nogueira Pinto diz que o nome que lhe foi apresentado foi o de Pedro Portugal...
E estava na proposta, como vogal; não presidente. A doutora Maria José Nogueira Pinto, em relação ao doutor Nunes Barata, teceu algumas considerações. Disse que talvez não fosse o melhor perfil para as funções. Mas nunca disse que ia votar contra.
Que nomes propôs a votação?
Nunes Barata e Margarida Pereira. Deixei o outro nome para segunda votação, sem ter mudado nem a ordem, nem os nomes.
Tinha-lhe sido pedido para retirar o nome de Pedro Portugal Gaspar da proposta inicial?
Tinha-me sido pedido para não ser votado naquele dia.
Por Marques Mendes...
Exactamente. Porque haveria alguma reflexão a nível partidário, queriam falar com ele. Fui sensível a isso. Era importante ter já dois nomes, para dar continuidade ao funcionamento da SRU.
Pedro Portugal, no PSD, é apoiante de Luís Filipe Menezes. É uma questão que lhe passa ao lado?
Conheço-o há muitos anos e sei que ao longo do seu percurso...
Marques Mendes pediu-lhe para a votação ser feita noutro dia porquê?
Porque queriam avaliar um pouco, eventualmente falar com ele...
Nunca lhe pediu para retirar o nome?
Não. Pediu para adiar a votação.
Vai voltar a fazer a proposta, na próxima reunião de Câmara?
Vou tentar que à próxima reunião vá uma nova proposta...
Com o nome de Pedro Portugal?
Isso não sei...
Está à espera de quê? Do OK de Marques Mendes?
A equipa que propus era a que acho que tinha condições. Não quero que a equipa seja um somatório de pessoas. Não sei ainda o que irá acontecer. Tenho de avaliar a situação, porque estou preocupado, acima de tudo, com o funcionamento da Câmara.
3 comentários:
R.,
Falta aqui um link e a data da coisa.
É possível?
(O mesmo para as outras recensões...)
JCM
Apenas uma curta reflexão: O PSD é dirigido hoje,por vontade dos seus militantes,por um conjunto de dirigentes que na sua esmagadora maioria (falo da CPN/Comissão Permanente)) nunca se candidatou a uma Câmara ou se se candidatou...perdeu.
É o caso de Marques Mendes,Miguel Macedo,Azevedo Soares,etc.
Não tem pois a sensibilidade própria do que é dirigir uma autarquia.
Que não se ganha em Assembleias Municipais...
Prova provada disso é a oportunidade de ouro desperdiçada com a Lei das Finanças Locais.
Sendo o PSD,de longe,o maior partido do poder local faria todo o sentido que a propósito de uma lei tão penalizadora para os municipios,tivesse organizado e dirigido uma autêntica "intifada" contra o governo.
Ficou-se por uma reacção timida e inconsequente permitindo que passasse para a opiniao publica a sensação de que até nem discordava muito da lei.
Lisboa,e o penoso mandato de Carmona Rodrigues,são mais uma acha para a fogueira em que se consome o partido.
Intromissões da direcção do partido na condução da Cãmara,posições insustentáveis do seu presidente,trapalhadas conhecidas na admissão de adjuntos e assessores receio bem que tudo isto termina na entrega de bandeja do municipiuo ao PS.
Se calhar ainda antes de 2009.
Considerando que nesse ano,legislativas a e autárquicas se disputam na mesma altura,quiçá no mesmo dia,é boa razão para compreender porque existem no partido dirigentes tão preocupados com o rumo ue as coisas levam.
~´E que amnter-se o actual estado de coisas,nomeadamente lider e direcção politica,o descalabro pode ser total.
Caro Zé Carlos,
para esta é possível, e farei a actualização. Em relação às restantes entrevistas citadas, elas não estão on-line.
Saudações Alfacinhas.
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