PPD CONTRA PSD
Sobre as directas do PSD, desde já deixo a opinião que publiquei no "Diário Económico", na edição de 2008-05-09, por forma a iniciarmos uma reflexão profunda sobre este novo desafio.
"PPD CONTRA PSD
O cenário interno do PPD/PSD é de todos conhecido e alvo de alguma apreensão, não pela proliferação de candidaturas, pois tal até significa vivacidade interna, recorde-se que o PS após Ferro Rodrigues conheceu 3 candidatos à liderança, mas antes pelo clima de crispação existente, principalmente na sequência de Santana Lopes para Marques Mendes. Com efeito, o consulado desse penúltimo líder (v.g. ingerência constante em Lisboa, implementação de um esquema formal, nem sempre imparcial no seio do partido), ditou uma efectiva “balcanização” do partido, como o referi em tempo (in blog Crónicas Alfacinhas, 2007.09.29). Verificada a demissão de Menezes, no quadro das razões por ele já invocadas, abre-se obviamente o quadro sucessório, no qual os militantes terão que se pronunciar a 31 de Maio.
Há naturalmente duas linhas históricas, uma na herança de Sá Carneiro e mais identificada com o PPD das secções, dos militantes e do poder local, versus um PSD mais tecnocrático e governativo, assente no legado de Cavaco Silva. Associada a esta ideia surgem algumas construções mais ou menos fantasistas, designadamente que à primeira corresponde o povo anónimo e na segunda cabem as elites, como se houvesse uma segmentação clara desses dois hemisférios. Importa assim ter presente qual o significado de elite, a saber, “possuir qualidades de inteligência, personalidade, perícia, capacidade de qualquer espécie” (Kolabinska), ou também “conjunto dos que têm índices mais elevados em que exercem a sua actividade” (V. Pareto), para em termos organizacionais significar “grupo minoritário que exerça uma dominação política sobre a maioria dentro de um sistema de poder democrático” (R. Dahl). Ora será que é tão evidente esta separação? Isto é, só estão associados à linha do PSD os que detêm um Q.I. mais elevado? Melhores curricula académicos e profissionais? Obviamente que não, certamente não existem dois mundos antagónicos dentro do partido, recaindo as virtudes num e os defeitos nos outros, esse é um equívoco que porventura servirá as intenções de quem pretende suscitar tal debate, sendo certo que então deverá assumir a sua vertente organizacional, ou seja o poder de uma minoria sobre a maioria. Por outro lado o basismo sem limites também não evita certos excessos, amputação de quadros de qualidade, mas também não equivale a um partido de seres inferiores e destituído de qualquer quadro de referência teórica.
Mas a dicotomia PPD/PSD pode não significar obrigatoriamente a necessidade de uma opção entre ambas, principalmente quando surge uma terceira via, assente numa renovação/rejuvenescimento da equipe e dos protagonistas. Mas aí é efectivamente necessário que tal refrescamento não seja só em função do bilhete de identidade, mas corresponda a uma efectiva rotação, introduzindo uma apreciação objectiva no desempenho dos novos quadros, assente na dinâmica dos seus curricula académicos e profissionais, pois em grande medida não têm tido oportunidades políticas, uma vez que a tutela elitista, combinada com alguma sindicância eleitoral basista, tem fechado tais portas, que na prática tem revelado ser a vida recente do PPD/PSD. Só assim será verdadeira a ideia de ser “superior o que nos une relativamente ao que nos divide”, havendo lugar para todos, de acordo com critérios meritocracia aliada à partitocracia.
A corrida está lançada, o debate está em aberto. Vencerá quem souber aglutinar o vasto legado do partido, potenciar e evidenciar pistas para o futuro, que não se fiquem pela simples elaboração das listas para os actos eleitorais de 2009. Pelo menos vencerá para o futuro do país, que obviamente precisa do PPD/PSD, como uma efectiva alternativa ao PS de José Sócrates.
PEDRO PORTUGAL GASPAR
(Ex-Conselheiro Nacional do PSD, Docente Universitário, Mestre em Ciências Jurídico-Políticas FDUL)".
O cenário interno do PPD/PSD é de todos conhecido e alvo de alguma apreensão, não pela proliferação de candidaturas, pois tal até significa vivacidade interna, recorde-se que o PS após Ferro Rodrigues conheceu 3 candidatos à liderança, mas antes pelo clima de crispação existente, principalmente na sequência de Santana Lopes para Marques Mendes. Com efeito, o consulado desse penúltimo líder (v.g. ingerência constante em Lisboa, implementação de um esquema formal, nem sempre imparcial no seio do partido), ditou uma efectiva “balcanização” do partido, como o referi em tempo (in blog Crónicas Alfacinhas, 2007.09.29). Verificada a demissão de Menezes, no quadro das razões por ele já invocadas, abre-se obviamente o quadro sucessório, no qual os militantes terão que se pronunciar a 31 de Maio.
Há naturalmente duas linhas históricas, uma na herança de Sá Carneiro e mais identificada com o PPD das secções, dos militantes e do poder local, versus um PSD mais tecnocrático e governativo, assente no legado de Cavaco Silva. Associada a esta ideia surgem algumas construções mais ou menos fantasistas, designadamente que à primeira corresponde o povo anónimo e na segunda cabem as elites, como se houvesse uma segmentação clara desses dois hemisférios. Importa assim ter presente qual o significado de elite, a saber, “possuir qualidades de inteligência, personalidade, perícia, capacidade de qualquer espécie” (Kolabinska), ou também “conjunto dos que têm índices mais elevados em que exercem a sua actividade” (V. Pareto), para em termos organizacionais significar “grupo minoritário que exerça uma dominação política sobre a maioria dentro de um sistema de poder democrático” (R. Dahl). Ora será que é tão evidente esta separação? Isto é, só estão associados à linha do PSD os que detêm um Q.I. mais elevado? Melhores curricula académicos e profissionais? Obviamente que não, certamente não existem dois mundos antagónicos dentro do partido, recaindo as virtudes num e os defeitos nos outros, esse é um equívoco que porventura servirá as intenções de quem pretende suscitar tal debate, sendo certo que então deverá assumir a sua vertente organizacional, ou seja o poder de uma minoria sobre a maioria. Por outro lado o basismo sem limites também não evita certos excessos, amputação de quadros de qualidade, mas também não equivale a um partido de seres inferiores e destituído de qualquer quadro de referência teórica.
Mas a dicotomia PPD/PSD pode não significar obrigatoriamente a necessidade de uma opção entre ambas, principalmente quando surge uma terceira via, assente numa renovação/rejuvenescimento da equipe e dos protagonistas. Mas aí é efectivamente necessário que tal refrescamento não seja só em função do bilhete de identidade, mas corresponda a uma efectiva rotação, introduzindo uma apreciação objectiva no desempenho dos novos quadros, assente na dinâmica dos seus curricula académicos e profissionais, pois em grande medida não têm tido oportunidades políticas, uma vez que a tutela elitista, combinada com alguma sindicância eleitoral basista, tem fechado tais portas, que na prática tem revelado ser a vida recente do PPD/PSD. Só assim será verdadeira a ideia de ser “superior o que nos une relativamente ao que nos divide”, havendo lugar para todos, de acordo com critérios meritocracia aliada à partitocracia.
A corrida está lançada, o debate está em aberto. Vencerá quem souber aglutinar o vasto legado do partido, potenciar e evidenciar pistas para o futuro, que não se fiquem pela simples elaboração das listas para os actos eleitorais de 2009. Pelo menos vencerá para o futuro do país, que obviamente precisa do PPD/PSD, como uma efectiva alternativa ao PS de José Sócrates.
PEDRO PORTUGAL GASPAR
(Ex-Conselheiro Nacional do PSD, Docente Universitário, Mestre em Ciências Jurídico-Políticas FDUL)".
2 comentários:
Bom artigo! Congratulo-o por demonstrar com tanta qualidade a sua opinião. Tenho seguido o seu percurso e sei que muitas vezes não lhe fizeram justiça. Mas a política não é uma linha recta e um dia assistiremos dentro do nosso partido ao ressurgimento daqueles em que merece realmente a pena confiar como o Pedro Portugal. Pelo seu post, parece-me - e posso estar enganada - que apoia Passos Coelho: " (...)Mas a dicotomia PPD/PSD pode não significar obrigatoriamente a necessidade de uma opção entre ambas, principalmente quando surge uma terceira via, assente numa renovação/rejuvenescimento da equipe e dos protagonistas.(...)"
Olhando para ele, muitos se lembram de si. São do mesmo tempo, da mesma Jota, partilham visões semelhantes. A ser verdade o que digo, não faria qualquer lógica estar num lado contrário pois só assim, eu e mais alguns companheiros nossos temos esperança de vê-lo reaparecer numa estrutura mais consistente, com uma nova dinâmica mais enriquecedora onde vale realmente a pena pensar e apostar no futuro.
Posicione-se porque a ser assim, com o Pedro Passos terá sempre o nosso apoio. Com outros também mas com ele o Pedro Portugal faz mais sentido. Por tudo e acima de tudo porque ambos ainda acreditam que se pode fazer mais e melhor e sabem que são capazes disso.
Ele tem o meu apoio, você também, haja agora coragem para enfrentar os tempos que virão.
Cumprimentos de alguém que o admira, uma semi-anónima consciente dos bons valores que existem no nosso partido.
Companheiro
Fui dos tempos de Dr. Sá Carneiro, por isso vejo com tristeza o que se passa hoje no partido.
As secções que eram um local de discussão politica e reflexão entre os militantes, ficaram esvaziadas de movimentos de reflexão passando a meros locais de emprego.
Os candidatos não procuram pessoas úteis mas sim quem pode dar mais votos.
Acredito que poderemos ganhar 2009 com alguém que consiga acabar com os carreiristas, mas para isso ser possível teria que mudar as mentalidades de quem comanda as secções e pela forma como são conquistada, Luis Filipe Menezes tentou acabar com os magotes de jovens a mudar constantemente de secção, umas com opas (secção I ), outras com as quotas pagas por quem quer emprego numa câmara.
Proponho uma limpeza de forma quem vá para um cargo político câmara ou outro reverta a diferença de salário em favor do partido, ai veríamos quem acredita no partido e quer fazer algo pelo pais, veríamos que os que vivem das jogadas de bastidores a afastarem-se.
Vou votar Manuela Ferreira Leite, tenho a noção que tem á sua volta alguns carreiristas, mas entre todos os candidatos, parece-me que tem menos.
Infelizmente hoje no partido não se vota nas pessoas mas contando o numero de penduras
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