12 fevereiro 2009

O artigo de Mário Crespo

Vale a pena lê-lo! E nem é preciso dizer mais...


"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média.
Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo.
Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus.
Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores.
Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos.

10 fevereiro 2009

LISBOA - CAPITAL DO CHARME

No nº 61, Janeiro de 2009, na revista "Turismo de Lisboa", verifiquei o editorial de António Costa (pág. 8), bem como reportagem/notícia referente ao tema "Lisboa capital do charme" (págs. 31 a 33), no qual era publicitada a venda dos 6 palácios para a conversão em hóteis de charme na capital.
Foi devidamente conhecida e noticiada a reunião de 23 de Janeiro da Comissão da Assembleia Municipal que presido (Habitação, Reabilitação Urbana e Bairros Municipais) que concluiu pelo chumbo de tal iniciativa do Executivo, principalmente devido a:
- Actual conjuntura económico-financeira negativa para o efeito;
- O total da receita a obter, caso se restrinja ao valor base da licitação é muito reduzido, recorde-se 12 milhões e 700 mil euros para a totalidade dos 6 palácios;
- Não está inequívoco que se destinem exclusivamente à hotelaria;
- Importa discutir se não há outras opções políticas para a gestão de tal património que não seja a alienação.
A citada proposta não está agendada para a reunião da Assembleia Municipal de 17 deste mês, pelo que se presume que a Câmara a irá reformular, seguindo um caminho mais prudente nesta matéria, como aliás o aconselhámos, pelo que devia ter evitado a publicidade antes da aprovação, por mais convencida que estivesse da aprovação em sede de Assembleia Municipal.
Este é o trabalho de oposição/fiscalização que deve ser feito, fundamentado e coerente em prol de Lisboa, não foi de terra queimada como alguns apaniguados do PS o intitulam. Não, foi claramente em defesa dos interesses da cidade, evitando situações simplistas, que obviamente são as mais cómodas a tomar, mas essa nunca foi a minha postura na Assembleia Municipal, estaremos atentos até ao final do mandato, pois muita luta política se avizinha.